Sindimed denuncia: falta de álcool 70% e outros insumos na UTIN da Maternidade N. Sra. de Lourdes põe em risco a vida de recém-nascidos

Data de publicação: 14/03/2024

Sindimed denuncia: falta de álcool 70% e outros insumos na UTIN da Maternidade N. Sra. de Lourdes põe em risco a vida de recém-nascidos


O Sindicato dos Médicos do Estado de Sergipe (Sindimed) recebeu uma grave denúncia na manhã desta quinta-feira (14), revelando a precária situação da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) da Maternidade Nossa Senhora de Lourdes (MSL), em Aracaju.

Segundo informações recebidas por funcionários da MNSL, que não quiseram se identificar, a unidade encontra-se sem álcool a 70%, um suprimento essencial para a assepsia de pele e a higienização de superfícies e objetos.

“Está faltando há dois dias em toda a Maternidade e sem previsão de chegar. Tivemos a informação que não existe estoque no depósito da Secretaria de Estado da Saúde. Atualmente, só tem álcool em gel e não é recomendado em alguns procedimentos. Estou trazendo sabão e álcool de casa, além de toca, que também está faltando”, denunciou uma profissional.

Ainda foi pontuado pela denunciante que, em alguns procedimentos, está sendo utilizado clorexidina alcoólica, “mas sabemos que o clorexidina estraga alguns materiais”, concluiu.

Trabalhadores da maternidade, como médicos e enfermeiros, expressaram indignação e incredulidade diante dessa situação alarmante. A falta desse insumo básico compromete gravemente a segurança e a saúde dos recém-nascidos que dependem de cuidados intensivos.

O presidente do Sindimed, Dr. Helton Monteiro, não poupou críticas e repudiou veementemente essa situação de negligência. Ele destacou a urgência na reposição do estoque de álcool 70% e cobrou providências imediatas da Secretaria de Estado da Saúde.

Dr. Helton ressaltou que a “falta desse insumo essencial representa um sério risco para a saúde dos pacientes e uma falha inaceitável por parte da gestão hospitalar”.

Diante da inércia das autoridades responsáveis, o Sindimed anunciou que, caso a situação não seja regularizada prontamente, irá acionar os Ministérios Públicos Estadual e Federal, e demais entidades correlatas, a exemplo do Conselho Regional de Medicina, pois considera que a saúde e a segurança dos pacientes não podem ser comprometidas por questões de negligência administrativa.


 

“Essa denúncia escancara não apenas a fragilidade do sistema de saúde em Sergipe, mas também a falta de prioridade e comprometimento com a segurança e o bem-estar dos cidadãos mais vulneráveis. É imperativo que as autoridades competentes ajam com rapidez e eficácia para corrigir essa grave falha e garantir que a UTI Neonatal da Maternidade, tão importante, possa operar com os recursos e condições adequadas para oferecer o atendimento de qualidade que a população merece”, disse em tom crítico o presidente do Sindimed.

DESCASO ANTIGO

Não é a primeira vez que o Sindimed recebe denúncias sobre o interminável caos que paira sobre a principal unidade materno infantil de Sergipe, inaugurada em 2006 para atender casos de alto risco. Em julho de 2023, funcionários denunciaram problemas estruturantes na MNSL, a exemplo de sobrecarga de trabalho, escalas defasadas e superlotação, gestantes amontoadas em corredores aguardando vagas em leitos, o que pode colocar a vida dessas gestantes, puérperas e recém-nascidos em risco.

Em virtude desses problemas, em setembro de 2023, o Conselho Regional de Medicina do Sergipe (CRM) realizou a interdição ética do trabalho médico na Maternidade Nossa Senhora de Lourdes. À época, a decisão, que não está mais em vigor, foi baseada em vistorias e reuniões com o corpo clínico da unidade, nas quais ficam demonstrados os desfalques nas escalas médicas de neonatologia e ginecologia obstetrícia.

E o que é ainda mais lamentável, em meio a esse colapso, Sergipe pode figurar como o Estado líder em mortalidade infantil, com média de 19.5, conforme foi denunciado no último dia 24 de outubro de 2023, pelo Sindimed, Sociedade Sergipana de Pediatria e o Comitê Estadual de Prevenção da Mortalidade Materna, Infantil e Fetal.