Notícias 12/05/2025

Ser mãe é o milagre mais extraordinário da vida. Ser mãe médica, um ato diário de resistência


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Ser mãe é habitar o sagrado. É carregar no ventre, por nove luas, o mistério da vida que se forma, o sopro divino que se faz carne.

Ser mãe já é, por si só, um ato de coragem. E ser mãe médica?

Ah, este é o roteiro das guerreiras sem capa: ausentam-se de casa, mas carregam o filho em cada batida do coração, amplificada pelo som do estetoscópio. É auscultar corações alheios enquanto o seu próprio pulsa longe, dividido entre o plantão e a saudade.

É correr da sala de emergência para a escola, do consultório para o mercado, da escrivaninha para o fogão. É a ternura que não cabe nas páginas frias dos prontuários.

A mãe médica sabe que a vida é frágil — porque vê isso todos os dias nos olhos de outros filhos, de outras mães. Mas quando é o seu próprio filho que está com febre, ela, que diariamente dá diagnósticos, vira apenas mãe: insegura, ansiosa, rezando em silêncio enquanto aquece o leite.

Ela passa o dia salvando vidas, mas seu maior milagre está em casa, naquele ser que carregou enquanto ainda atendia plantões, que amamentou entre plantões, que ensinou a andar entre plantões. Seu estetoscópio, deveras, ausculta pulmões, mas seu coração sente e escuta, a quilômetros de distância, o riso do seu filho.

Licença-maternidade? Para muitas, nem isso. Em Sergipe, há quem precise voltar ao hospital antes mesmo do corpo cicatrizar, mulheres com direitos constitucionais surrupiados, sem tempo para amamentar seus filhos, para curtir os primeiros passos, os primeiros sons.

Mulheres que são obrigadas a escolher entre o sustento e o colo, entre o dever e o amor. Mas mesmo assim, elas seguem esse caminho pedregoso. Porque ser mãe é também isso: resistir, porque a vida não espera, as contas não esperam, os gestores e patrões das Organizações Sociais, como déspotas, não esperam. Mas o amor também não.

E assim, elas seguem seus caminhos: jaleco, leite materno e estetoscópio na bolsa, e o coração partido ao sair de casa.

No fim do dia, quando as luvas são descartadas e o jaleco pendurado, elas se transformam. Não são mais aquelas Doutoras abnegadas. São apenas mães. As que chegam cansadas, mas ainda aquecem o jantar, que lavam, passam, que revisam lições de escola entre um café e outro, que dormem com a mão no filho, como que quisessem soprar: "Sim, você está aqui. Sim, estamos bem."

Hoje, no Dia das Mães, o Sindimed reverencia essas guerreiras. Porque ser mãe é o milagre mais comum e mais extraordinário que existe. É o céu azul depois da tempestade, o luar que acalenta as noites insones, o mar que pode ser tranquilo ou revolto, mas nunca deixa de ser porto.

É o olhar firme na beira do cais, sempre pronto para acolher, para guiar, para amar, incondicionalmente.

Ser mãe é, sim, uma dádiva de Deus. Mas ser mãe médica é, acima de tudo, um ato de resistência, amor e entrega.

Que todas as mães médicas sintam-se abraçadas por essa homenagem, por cada vida que geram, por cada vida que salvam.

Feliz Dia das Mães.

Uma homenagem do Sindicato dos Médicos do Estado de Sergipe (Sindimed).

 

Imagem: Arquivo/Internet