O Sindicato dos Médicos do Estado de Sergipe (Sindimed) vem a público denunciar uma série de irregularidades que afetam os médicos da rede municipal de Aracaju, incluindo casos de assédio moral e atrasos no pagamento de salários.
As denúncias ganharam força após uma reunião histórica promovida pelo Sindimed na última terça-feira, 7 de janeiro, que reuniu mais de 150 médicos, além da presença da secretária municipal de Saúde, Dra. Débora Leite. Realizado em um auditório completamente lotado, o encontro destacou a gravidade das questões enfrentadas pela categoria, evidenciando a urgência de soluções para os problemas apontados.
Durante a reunião, diversos médicos expuseram problemas que enfrentam no dia a dia, como assédio moral no ambiente de trabalho e atrasos nos pagamentos de seus salários. As denúncias incluem casos de gerentes de postos de saúde invadindo salas de médicos, fiscalização abusiva para uso do banheiro e imposição de tempos para atendimento de pacientes.
Em resposta, o presidente do Sindimed, Dr. Helton Monteiro, destacou a gravidade da situação:
“Mais uma vez temos que vir a público fazer mais uma denúncia, desta vez é o município de Aracaju. Na última terça-feira, dia 7, recebemos aqui no Sindicato dos Médicos mais de 150 médicos que trabalham na rede municipal de Aracaju e recebemos denúncias graves que vão desde atrasos salariais de novembro a assédio moral. Imagine vocês: médicos que são fiscalizados quando vão ao banheiro, gerentes de postos de saúde que invadem a sala dos médicos, determinações de tempo para atender pacientes. Isso é um absurdo, lastimável, e os médicos assediados não fizeram as denúncias anteriormente porque tinham medo de serem demitidos”, afirmou.
O presidente também ressaltou a necessidade de condições dignas para que os médicos possam exercer suas funções com autonomia e lutar pela qualidade no atendimento aos pacientes.
Ele conclamou a nova gestão, representada pela secretária Dra. Débora Leite, a dialogar com o sindicato e adotar medidas urgentes para solucionar os problemas.
“Urge que a sociedade reflita: precisamos de médicos trabalhando com autonomia, independência, que nos seus locais de trabalho possam lutar para que seus pacientes sejam atendidos dignamente. Mais uma vez, o Sindimed vem a público e pede à nova gestão que acolha as denúncias feitas e mude toda essa situação de precariedade no vínculo do trabalho médico”, afirmou Dr. Helton Monteiro.
Notificações
No âmbito estadual, a situação também é preocupante. Entre os municípios notificados pelo Sindimed devido a atrasos salariais estão Canindé de São Francisco, Carmópolis, Lagarto e Graccho Cardoso, que acumulam meses de débitos com os profissionais de saúde.
Além disso, foram enviados ofícios ao Instituto de Promoção e Assistência à Saúde dos Servidores do Estado de Sergipe (IPESAÚDE) e ao Hospital Renascença. No caso do IPESAÚDE, há honorários e salários atrasados, enquanto o Hospital Renascença enfrenta uma situação ainda mais crítica, com atrasos que chegam a quatro meses referentes ao ano de 2024.
O Sindimed também recebeu denúncias de atrasos salariais envolvendo médicos da Maternidade Municipal Lourdes Nogueira, inaugurada em 2023, que estariam ligados a uma dívida de R$ 15 milhões deixada pela gestão anterior da Prefeitura com o Instituto Nacional de Tecnologia e Saúde (INTS), responsável pela unidade. Profissionais relatam que a Prefeitura está há três meses sem repassar valores ao INTS, deixando médicos sem pagamento desde dezembro de 2024, enquanto outros trabalhadores, como enfermeiros e técnicos, enfrentam atrasos de dois meses. Em 2023, o Sindimed já havia denunciado irregularidades no processo seletivo da maternidade, ação que segue em análise judicial.
Compromisso
O Sindimed reafirma seu compromisso em acompanhar de perto as denúncias e atuar em defesa dos direitos dos médicos. A entidade também reforça o repúdio a qualquer tipo de assédio moral e às condições de trabalho que comprometem a dignidade dos profissionais de saúde e a qualidade do atendimento prestado à população.