O Sindicato dos Médicos do Estado de Sergipe (Sindimed) recebeu denúncias sobre atrasos salariais enfrentados pelos médicos que atuam na Maternidade Municipal Lourdes Nogueira, inaugurada em abril de 2023 como a primeira unidade materno-infantil da rede municipal de Aracaju. De acordo com os profissionais, os atrasos estariam diretamente ligados a uma dívida de R$ 15 milhões deixada pela gestão anterior da Prefeitura de Aracaju com o Instituto Nacional de Tecnologia e Saúde (INTS), organização social (OS) responsável pela administração da unidade.
Um médico que atua na maternidade, o qual não quis se identificar, revelou que a Prefeitura estaria há três meses sem repassar os valores devidos ao INTS. Ele destacou que os profissionais médicos, que deveriam ter recebido seus salários no final de dezembro de 2024, permanecem sem pagamento até o momento e que há outros profissionais, como enfermeiros e técnicos, há dois meses sem receber seus proventos.
Em 2023, o Sindimed denunciou irregularidades no processo de seleção dos médicos contratados pela maternidade, destacando possíveis problemas licitatórios e a falta de transparência. À época, o Sindimed entrou com uma ação no Ministério Público Estadual pedindo a anulação do processo seletivo. A denúncia segue em análise pelo Judiciário.
O presidente do Sindimed, Dr. Helton Monteiro, reforçou a preocupação da categoria e reiterou a defesa do sindicato pela realização de concursos públicos.
“A situação na Maternidade Lourdes Nogueira escancara os problemas das terceirizações em unidades de saúde. Desde o início, alertamos para os riscos de modelos de gestão por organizações sociais. Defendemos concursos públicos como a única forma segura e transparente de garantir condições justas para os profissionais e qualidade no atendimento à população. A dívida acumulada e os atrasos salariais precisam ser resolvidos com urgência, sob pena de desestruturar um serviço essencial para as mães e os recém-nascidos de Aracaju”, declarou Dr. Helton Monteiro.
O Sindimed tem acompanhado de perto a situação e mantém diálogo com os profissionais prejudicados. Enquanto a crise persiste, o sindicato reforça seu compromisso em cobrar respostas rápidas e efetivas da Prefeitura de Aracaju e da gestão da maternidade.
“A saúde pública não pode ser refém de dívidas, má gestão ou decisões equivocadas. É preciso priorizar os trabalhadores e o atendimento à população acima de qualquer outro interesse”, conclui o presidente da entidade médica sindical.