Notícias 22/11/2024

Sindimed participa de reunião no MPF para discutir crise na atenção oncológica


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Nessa quinta-feira, 21, o Sindicato dos Médicos do Estado de Sergipe (Sindimed) marcou presença em uma importante reunião na sede do Ministério Público Federal (MPF), convocada pela procuradora da República, Dra. Marta Carvalho Dias de Figueiredo. O encontro, que contou com a participação de representantes da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale) e da Secretaria de Estado da Saúde (SES), teve como objetivo de buscar soluções para problemas graves que afetam a assistência oncológica em Sergipe.

A procuradora iniciou o encontro apresentando uma síntese das denúncias levantadas pela Abrale, que foram objeto de um procedimento instaurado pelo MPF. Entre as questões apontadas, destacam-se:

  1. Déficit no diagnóstico precoce:
    A demora na realização de exames, em alguns casos superior a seis meses, prejudica o diagnóstico precoce e reduz as chances de cura para pacientes oncológicos.
  2. Redução de profissionais onco-hematologistas no Huse:
    O Hospital de Urgência de Sergipe (Huse), que já contou com 10 profissionais da especialidade, atualmente possui apenas três, situação que compromete diretamente a qualidade do atendimento.
  3. Fechamento do ambulatório de transplante de medula óssea:
    A ausência desse serviço impacta os pacientes que necessitam de acompanhamento especializado e multidisciplinar.
  4. Falta de medicamentos oncológicos:
    Denúncias sobre a falha na distribuição de medicamentos, tanto quimioterápicos quanto de suporte, apontam para um problema recorrente, que aumenta a angústia dos pacientes.

Posicionamentos e encaminhamentos

Representando o Sindimed, o médico Dr. Alfredo Andrade destacou a precariedade dos vínculos empregatícios como uma das principais preocupações do sindicato. Ele defendeu a realização de concurso público com remuneração justa e digna, além de apontar que as condições de trabalho e a falta de insumos são fatores que desmotivam os profissionais.

O diretor jurídico da SES, Cesário Venâncio de Souza Neto, informou que atualmente há dois médicos onco-hematologistas estatutários e um celetista no Huse. Ele destacou a abertura de um edital para credenciamento de seis novos profissionais, com aumento no valor da hora de trabalho, de R$ 150 para R$ 230. Sobre a realização de concurso público, mencionou que o processo está na Procuradoria Geral do Estado (PGE) para emissão de parecer, prevendo cerca de 870 vagas na saúde.

Já a advogada da Abrale, Luana Ferreira Lima, ressaltou que, além do credenciamento emergencial, é imprescindível melhorar as condições estruturais do Huse para enfrentar as filas de espera, que chegam a ultrapassar sete meses para consultas e exames.

Vanessa Mello, representante do Comitê de Pacientes da Abrale, enfatizou a importância de ouvir os médicos da área de onco-hematologia para identificar soluções viáveis. Ela reforçou que a falta de medicamentos não é pontual, abrangendo não apenas quimioterápicos, mas também antibióticos e analgésicos. Além disso, criticou a ausência de informações sobre os prazos de reposição desses insumos, o que agrava a situação dos pacientes.

Sindimed reafirma compromisso

Durante a reunião, o Sindimed, por meio de Dr. Alfredo Andrade e do advogado Dr. Marcos Nunes Lima, reiterou que os problemas relatados pelos pacientes refletem a realidade enfrentada pelos profissionais médicos no Huse. A entidade se comprometeu a continuar lutando pela valorização dos profissionais, pela melhoria das condições de trabalho e pela garantia de assistência digna aos pacientes oncológicos.

A reunião foi encerrada com o compromisso das partes em buscar soluções conjuntas para mitigar os problemas relatados, com o MPF monitorando os encaminhamentos e ações das autoridades competentes.

 

Por Joângelo Custódio, assessoria de Comunicação Sindimed