Dra. Priscila Batista discute mortalidade materna no Podcast "A Voz do Médico"

Data de publicação: 11/06/2024

O podcast "A Voz do Médico", promovido pelo Sindicato dos Médicos do Estado de Sergipe (Sindimed), recebeu a Dra. Priscila Daisy Cardoso Batista, médica sanitarista e presidente do Comitê Estadual de Prevenção da Mortalidade Materna, Infantil e Fetal. Em pauta, uma temática que precisa ser melhor observada pelas autoridades: a mortalidade materna, cujo dia de combate e prevenção foi celebrado no último dia 28 de maio. Ao lado dela, na bancada, estavam Dr. Helton Monteiro e Dr. Alfredo Vieira, presidente e diretor executivo do sindicato, respectivamente.

Durante a discussão, Dra. Priscila destacou a situação da mortalidade materna no Brasil e em Sergipe. No país, em 2021, a taxa subiu para 117 óbitos a cada 100 mil, muito acima do compromisso de reduzir essa taxa para 30 mortes por 100 mil até 2030. Entre 2016 e 2020, foram identificados 98 óbitos maternos no estado.

“Este indicador é utilizado internacionalmente e no dia 28 de maio fazemos um ato de visibilidade porque, infelizmente, o Brasil ainda ocupa um lugar muito ruim em termos de mortalidade materna. A meta internacional para os países do sul global é atingir até 2030 um número de 30 óbitos maternos por 100 mil nascidos vivos, enquanto nos países ricos, esse indicador não chega a 10", afirmou.

Dra. Priscila enfatizou que a maioria dos óbitos maternos no Brasil são evitáveis e decorrem de causas diretas e indiretas. Entre as causas diretas, estão hipertensão, hemorragias, infecções pós-parto e complicações de abortamentos inseguros. Já as causas indiretas incluem doenças infecciosas como a covid-19 e gripe, cardiopatias, HIV e outras doenças respiratórias e cardiovasculares.

Autoconhecimento

A médica também abordou a importância da dignidade menstrual e do autoconhecimento sobre a sexualidade e o corpo da mulher como medidas preventivas fundamentais.

"Prevenção na mortalidade materna começa na dignidade menstrual. É crucial que a mulher conheça seus ciclos, sua sexualidade, seu corpo, e possa escolher quando, onde e com quem quer ter filhos", observou.

Dra. Priscila salientou ainda a necessidade de reorganizar políticas e ações de saúde para enfrentar a mortalidade materna.

"Conhecer os números e, principalmente, as causas de morte materna nos auxilia a reorganizar as políticas, ações e decisões da saúde para mudar essa realidade. Para evitar a morte materna, é necessário, desde cedo, ter acesso às informações e métodos para uma gravidez planejada, um pré-natal adequado, uma assistência ao parto qualificada e ao puerpério", colocou.

Tristes estatísticas

Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS/OMS), todos os dias morrem mais de 800 mulheres devido a complicações relacionadas à gravidez ou ao parto em todo o mundo, sendo a maioria dessas mortes evitáveis e ocorrendo em países em desenvolvimento.

A OMS estabeleceu como meta reduzir a taxa global de mortalidade materna para 70 mortes a cada 100 mil nascidos vivos até 2030. Atualmente, esse número é de 223 mortes para cada 100 mil nascidos vivos. No Brasil, em 2021, a taxa foi de 117 mortes, um aumento significativo devido, principalmente, à pandemia de covid-19.

Diante da gravidade do assunto, o podcast "A Voz do Médico" se coloca como importante ferramenta de comunicação, alertando para a necessidade urgente de ações coordenadas para reduzir a mortalidade materna em Sergipe e melhorar a saúde das mulheres em todo o país.

Por Joângelo Custódio | Núcleo de Comunicação do Sindimed