Lúpus Eritematoso Sistêmico ( LES): Médico ressalta aspectos da doença para a sociedade

Data de publicação: 10/05/2023

Lúpus Eritematoso Sistêmico ( LES): Médico ressalta aspectos da doença para a sociedade
 
No dia 10 de maio é comemorado o Dia Mundial do Lúpus, . O dia foi criado para reforçar a conscientização sobre a doença, os sintomas e sinais.
 
O lúpus é uma doença inflamatória autoimune, na qual, o próprio sistema imunológico passa a atacar células e tecidos saudáveis do organismo, produzindo inflamação, afetando partes do corpo, como: articulações, pele, rins, corações, pulmões, vasos sanguíneos e cérebro.
 
Dados do Ministério da Saúde (MS) mostram que o lúpus é de 9 a 10 vezes mais frequente em mulheres entre 15 a 45 anos, período entre a menarca e a menopausa. Um estudo epidemiológico realizado na região Nordeste brasileira, apontou uma estimativa de incidência do lúpus em torno de 8,7 casos para cada 100.000 pessoas por ano.
 
Com o intuito de trazer mais informações, o Sindicato dos Médicos de Sergipe (Sindimed) convidou o médico filiado, o doutor José Caetano Macieira, para falar um pouco sobre essa doença, nas mais diferentes formas como ela se apresenta.
 
Um dos pontos primordiais que o reumatologista chama atenção é para a importância que a sociedade deve ter sobre a doença. Ele ressalta que nos primeiros sintomas deve-se procurar inicialmente a Atenção Primária à Saúde (APS), e na suspeita da doença ser encaminhada a Atenção Especializada (ambulatório de Reumatologia), podendo na dependência da gravidade chegar à Unidade hospitalar.
 
As manifestações são variáveis, segundo o doutor Caetano, que vão desde o comprometimento da pele, articulações até lesões em órgãos nobres como cérebro e rins. Na pele o eritema – que é caracterizada pela vermelhidão – é uma das formas mais comuns de apresentação, com uma característica importante de surgimento principalmente em áreas do corpo exposta aos raios solares. A queda de cabelo com falhas no couro cabeludo também pode estar presente. Pode surgir dor com ou sem associação ao edema e calor nas articulações. As alterações em órgãos nobres se manifestam de acordo com a disfunção do órgão acometido. O LES é uma doença multifacetada com possibilidade de acometimento renal (hipertensão arterial, edema), hematológico (anemia),vascular(trombose), cardíaco (dor torácica precordial), respiratório (falta de ar e dor ao respirar), cerebral (cefaleia, acidente vascular cerebral) e outros, não necessariamente todos ao mesmo tempo. "Não esquecer de febre sem infecção, falta de apetite, perda de peso e fadiga como manifestações iniciais '', concluiu.
 
Em Sergipe, não existem estudos que mostrem um número exato de pacientes com lúpus. De acordo com o doutor Caetano Macieira, há uma tese de mestrado de Sacha Jamille de Oliveira, datada do ano de 2018, onde mostra que aproximadamente 200 pessoas possuem o diagnóstico do lúpus sistêmico. No âmbito do SUS esses indivíduos podem ser seguidos no CEMAR e no Serviço de reumatologia do ambulatório de especialidades do Hospital Universitário (HU) da Universidade Federal de Sergipe, Para o médico, esse número já subiu e deve estar na casa dos 400. Ele pondera que não considera o LES como uma doença rara no Estado, devido à precocidade com que é dado o diagnóstico.
 
Incidência
As mulheres jovens são as mais acometidas pela patologia. Um dos fatores para que isso ocorra é o hormônio estrógeno, implicado na predisposição para desenvolvimento da doença. Isso não descarta que os homens possam ser acometidos, mas, em menor proporção, assim como as crianças e idosos.
 
O doutor Caetano explica que o lúpus não tem cura, mas, existe o período de controle e de remissão da atividade, dando ao paciente uma boa qualidade de vida. A sobrevida dos pacientes com lúpus aumentou muito nas últimas décadas e está relacionada a um diagnóstico precoce, a instituição terapêutica rápida e eficaz, além das orientações gerais e específicas sobre a doença ao paciente. “Sendo uma afecção com comprometimento sistêmico e igual a outras doenças com este tipo de comportamento pode levar ao óbito.
 
Tratamento
As orientações gerais incluem não exposição à radiação solar, atualização de cartão vacinal, além da importância de manter a adesão ao tratamento. Os medicamentos específicos têm como base o corticosteroide, antimaláricos com a preferência para hidroxicloroquina e imunossupressores. A dose e o tempo de uso destas medicações vão depender da gravidade da doença e sempre com a orientação do médico assistente. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece o tratamento especializado nos ambulatórios da atenção especializada e os medicamentos distribuídos através do Centro de Atenção à Saúde de Sergipe (CASE).
 
Qualidade de Vida
O doutor Caetano coloca que pelo desconhecimento da doença por parte da população, as pessoas que possuem o lúpus são consideradas incapazes de realizar atividades profissionais, o que em uma grande maioria dos casos não corresponde à realidade. “Acho salutar e normal que os pacientes portadores de lúpus exerçam atividades profissionais, exercícios, viagens e outras, desde que se encontrem sem atividade da sua afecção, liberado e orientado pelo seu médico assistente”, opina.
 
Orientação/Conselho
Além de todas as explicações já expostas no texto, a orientação dada pelo médico é que diante de uma pessoa com manifestações clínicas como lesões na pele em zonas de exposição à luz solar, queda de cabelo, dor articular, febre de origem desconhecida, deve- se procurar a orientação médica de um reumatologista pois o lúpus se encontra como uma das hipóteses diagnósticas.
 
Breve Currículo
Graduado em Medicina pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), especialista em Reumatologia pela Sociedade Brasileira de reumatologia e Associação Médica Brasileira (AMB); Mestre em Ciências da Saúde pela UFS; Ex-Professor Adjunto em Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Sergipe(UFS); Ex-Coordenador do módulo de Reumatologia do Curso de Graduação em Medicina da UFS; Ex-supervisor da Residência Médica em Reumatologia do Hospital Universitário da UFS e reumatologista atendendo no Centro Médico Prof. José Augusto Barreto – Aracaju Se.