Estigmatizada, a hanseníase tem cura. Dermatologista fala sobre o assunto.

Data de publicação: 26/01/2023

Estigmatizada, a hanseníase tem cura. Dermatologista fala sobre o assunto.
 
Em tempos remotos, a hanseníase era uma doença temida por todos e estigmatizada. Porém, com a evolução dos tempos e da medicina, hoje podemos ter um cenário bem diferente daquela época, para os portadores desta patologia. Por conta disto, o mês de janeiro, também conhecido como ‘janeiro roxo’ é dedicado à doença e sempre o último domingo do mês - neste ano, dia 29 - é o Dia Nacional de combate e prevenção da doença. Esta data foi instituída pela Lei Federal nº 12.135 de 2009.
De acordo com o boletim epidemiológico da hanseníase, da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2020, foram registrados 127.396 novos casos no mundo. No Brasil, com a pandemia, houve uma redução no número de 2020 para 2021, quando foram diagnosticados respectivamente 17.979 e 15.155 novos casos.
Apesar da redução, o Brasil detém o patamar de ser o segundo país no mundo em incidência de casos, ficando apenas atrás da Índia. A maioria dos países em que essa patologia é endêmica, são países em desenvolvimento, que apresentam condições precárias de habitação, nutrição e higiene.
Em Sergipe, a campanha de prevenção será aberta nesta quinta-feira, 26, no Hospital Universitário, das 8h às 12h, com triagem para o diagnóstico de novos casos e palestra sobre o tema. O objetivo da campanha é falar à população sobre a doença, chamando a atenção para os cuidados que se deve ter ao sentir os primeiros sinais, procurando uma Unidade de Saúde para tratar e obter a cura.
A campanha envolve os 75 municípios em ações de detecção e prevenção. Sergipe é considerado uma área endêmica. De acordo com os dados da Secretaria de Estado da Saúde (SES), em 2022, foram diagnosticados 252 casos.
Para esclarecer algumas dúvidas sobre o assunto, o Sindicato dos Médicos conversou com a médica dermatologista sindicalizada Fátima Garção, que colocou alguns tópicos; dentre eles, desmistificando a doença, que pode ser tratada no ambulatório, e tem cura.
“Ela é uma doença infecciosa de longa evolução, transmitida de pessoa para pessoa, através de contato íntimo e frequente; e que pode ser tratada ambulatorialmente. Apesar de não ser mortal, constitui problema sério de saúde pública. E, se não for tratada a tempo, pode deixar sequelas”.
A doença é causada por uma bactéria chamada mycobacterium leprae. A médica explica que o diagnóstico se dá quando aparece mancha branca na pele com dormência, alteração de sensibilidade térmica ou dolorosa, espessamento de nervo periférico e baciloscopia (exame) positiva para Micobacterium leprae.
“O tratamento precoce é importante para que a doença não evolua para formas incapacitantes como mão ou pé caídos, mão em garra, mal perfurante plantar e outros. Confirmado o diagnóstico, trata-se com dapsona, rifampicina e clofazimina por 1 ano, seguindo o Protocolo Clínico Diretrizes Terapêuticas (PCDT) do Ministério da Saúde” explica a doutora Fátima.
A erradicação da hanseníase faz parte dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. A meta é o combate de epidemias dessa doença e outras como tuberculose e malária, até 2030.