Faz 41 anos que a aids foi descoberta, mas é possível conviver com a doença e ter qualidade de vida, basta prevenir-se.

Data de publicação: 02/12/2022

Faz 41 anos que a aids foi descoberta, mas é possível conviver com a doença e ter qualidade de vida, basta prevenir-se.
 
Ontem, 1 de dezembro foi o dia mundial de luta no combate à Síndrome de Imunodeficiência Adquirida, ou AIDS, como ela é popularmente conhecida. Uma doença crônica que danifica o sistema imunológico e a capacidade do organismo de se defender contra outras infecções.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), apenas em 2021, aproximadamente 650 mil pessoas morreram de causas relacionadas ao HIV, e 1,5 milhão adquiriram o vírus; o que equivale a mais de 4 mil novos casos todos os dias. Até o final de 2021, estimava-se que cerca de 38,4 milhões de pessoas viviam com o HIV no mundo.
A doença foi descoberta no ano de 1981, e tem como forma principal de transmissão do vírus a relação sexual. Desde o seu surgimento em todo o mundo existem campanhas maciças como forma de conscientização e informação.
No Brasil existem 920 mil pessoas que vivem com HIV. Desse total, 89% foram diagnosticados, 77% receberam tratamento antirretroviral e 94% das pessoas que receberam o tratamento não transmitiram o HIV, por terem atingido uma carga viral baixa, segundo o Ministério da Saúde (MS).
Em Sergipe, desde o ano de 1987, o médico sanitarista Almir Santana, responsável técnico pelo programa IST/AIDS da Secretaria de Estado da Saúde, e também filiado ao Sindicato dos Médicos do Estado de Sergipe (Sindimed), realiza com pioneirismo um trabalho com o objetivo de combater, prevenir, tratar e controlar a doença em todo o Estado. As estatísticas hoje em Sergipe são de mais homens infectados do que mulheres. Essa proporção, de acordo com o doutor Almir Santana, equivale a dois homens para uma mulher. Nos últimos 12 anos (2010-2022) o levantamento mostrou que em todo o Estado existem 8.026 casos.
Este quantitativo se apresenta da seguinte forma: crianças menores de 13 anos com HIV, 20 casos. Com a doença, menores de 5 anos, somam 45; e menores de 13 anos, 58. Gestantes com HIV, 523 casos e óbitos em adultos 54 casos.
Contudo, apesar do trabalho desenvolvido durante estes 35 anos o número de casos ainda é grande, e a situação em Sergipe continua preocupante, diz, o especialista mostrando que isso se dá porque muitos ainda não querem usar o preservativo, como forma de se defender do contágio. Por outro lado, o número de casos aumentou em virtude das testagens e dos diagnósticos.
Mas o especialista chama atenção para um dado preocupante neste momento. Ainda nascem crianças soropositivas, com o vírus do HIV.
“Precisamos melhorar cada vez mais o pré-natal, porque nós temos todos os recursos para prevenir, como os testes rápidos nas Unidades de Saúde; temos os medicamentos, temos a camisinha para evitar que aquela gestante se infecte com o HIV. Esperamos um maior envolvimento da sociedade com relação ao combate ao preconceito, e aos profissionais de saúde, principalmente os que estão na atenção básica, a melhoria do pré-natal”.
Alinhado ao uso tradicional do método preservativo, a camisinha, o médico explica que neste campo a medicina avançou muito, com o surgimento de outros recursos para a prevenção ao vírus, o uso de medicamentos.
“Hoje nós temos vários recursos para a prevenção à base do uso de medicamentos. Já existem medicamentos que previnem o HIV. É importante que as pessoas procurem alternativas para a prevenção. Existem a ‘PEP’, que significa profilaxia pós-exposição ao HIV, para aquelas pessoas cuja camisinha rompeu num prazo de até 72 horas, ou por algum motivo não usou o preservativo. E existe a ‘PrEP’, que é a profilaxia pré-exposição ao vírus, onde aquelas pessoas que não querem usar o preservativo e estão tento relações com vários parceiros, também tem este recurso, que é o uso de um comprimido ao dia e junto com exames, diminui o risco”.
O médico ainda lembra que no início da epidemia, a Aids era tida como a doença do medo onde a letalidade era muito alta. Porém, hoje em dia é possível conviver com a doença e os portadores terem qualidade de vida desde que o HIV seja descoberto cedo, e iniciem logo o tratamento. “Hoje, só morrem de HIV as pessoas que tiverem o diagnóstico tardio e quem não aderiu ao tratamento com os medicamentos.
Recomendação:
O doutor Almir Santana recomenda que mesmo sem apresentar nenhum sintomas, é importante que as pessoas façam o teste uma vez ao ano, e confirma que essa é a recomendação do Ministério da Saúde. E, se a pessoa tem várias relações com parceiros diferentes, faça pelo menos duas ou três vezes ao ano. Hoje, é possível fazer os testes em todos os municípios de Sergipe.
“A Aids continua sendo um problema de saúde pública. O HIV ainda está desafiando. Temos muitas vitórias, sucesso no tratamento, mas o desafio maior é fazer com que as pessoas reconheçam que correm o risco e passem a se prevenir”, a.